Flip começa hoje com painel sobre escritora Maria Firmino dos Reis

A 20ª edição da tradicional Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começa hoje (23), de forma presencial, depois de dois anos. A festa será aberta às 20h, com mesa Pátrios lares, cujo tema é a vida e a obra da escritora e educadora Maria Firmino dos Reis, que é a homenageada desta edição. 

A mesa de abertura contará com a participação da historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto, da pesquisadora de autorias negras Fernanda Miranda, da cientista social Midria e do coletivo Slam das Minas. O painel, com estudiosas da obra da autora e do período em que ela produziu, segundo a organização do evento, pretende provocar um debate produtivo sobre gêneros literários, abolicionismos e a história do Brasil.

Charme das casas coloridas e ruas de pedras em Paraty.

Charme das casas coloridas e ruas de pedras em Paraty – TV Brasil

Embora não haja certeza sobre a data, o mais provável é que Maria Firmina dos Reis tenha nascido em 1822. Em 1859 lançou Úrsula, romance que inaugura, no Brasil, a linhagem da literatura abolicionista. Após anos de apagamento, a obra vem ganhando atenção, dentro e fora do país. 

Maria Firmino foi professora de primeiras letras em Guimarães, no Maranhão. Sua obra se construiu praticamente em paralelo à literatura majoritariamente masculina e branca dos círculos literários brasileiros. Segundo os organizadores da Flip, a homenagem a ela vem em bom momento, tanto pela qualidade de sua produção em diversos gêneros, como pelo fato de que por bastante tempo ela ficou à margem da história canônica da literatura brasileira.

A autora morreu em 1917, sem reconhecimento. Isso, segundo a organização, torna ainda mais urgente comemorar seu legado, que é também o de uma insistente vigilância sobre os valores humanos, capaz de recolocar no centro do debate contemporâneo a educação e a imaginação, mas também a educação para a imaginação.

Evento presencial 

Em 2020 e 2021, o evento, realizado no sul do estado do Rio, teve apenas edições virtuais, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19. Agora, o evento volta a ser presencial. 

Serão cinco dias de atividades que incluem mesas-redondas, apresentações musicais, oficinas, sessões de filmes, saraus e jogos. Há ainda programações paralelas, com estandes de editoras e autores, comercialização de livros e um evento chamado Flipinha (voltado para crianças).

Também está prevista a participação de autores como os brasileiros Cida Pedrosa, Cidinha da Silva, Lenora de Barros, Lázaro Ramos, Geovani Martins, Cristhiano Aguiar, Ricardo Aleixo, Bernardo Carvalho e Luiz Maurício Azevedo.

Entre as presenças internacionais estão as argentinas Camila Sosa Villada e Cecilia Pavón; a cubana Teresa Cárdenas; as francesas Nastassja Martin e Annie Ernaux; as norte-americanas Saidiya Hartman e Ladee Hubbard; a portuguesa Alice Neto e e o chileno Benjamin Labatut.

A Flip terminará no domingo (27). A Festa é realizada desde 2003 no centro histórico de Paraty, patrimônio mundial no litoral sul do estado.

Por Agência Brasil

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